segunda-feira, 28 de março de 2011

Apocalipse



    Faz alguns anos que terminou a “Grande Guerra” como a maioria a chama, mas também é conhecida como “3ª Guerra Mundial”. Não restou muito do mundo que conhecíamos tudo ao meu redor é fome, destruição e morte. Esqueça a data 2012, não é um dia no calendário que vai destruir a humanidade, e sim a arrogância humana.
    Vivo como nômade, um verdadeiro lobo solitário, onde minha única companhia é a minha boa e velha shotgun. Ando a procura de comida e água, porém sempre que surgi noticias de um lugar ainda afetado pela radiação tenho que mudar a rota. Em uma dessas viagens a lugar nenhum, enquanto eu caminhava por uma cidade em completa ruína com carros queimados, corpos carbonizados e poucas pessoas a vista, dentro de casas com medo do mundo. Olhos se viravam em minha direção, apreensivos, pois a violência ainda reinava por esse mundo podre, havia muitos saques a pessoas que já não tinha nada, assassinatos e violência sexuais. Normalmente vindo de andarilhos como eu, mas não sou assim, não mais.
    Quando menos esperava fui atacado por um garoto com uma faca na mão, havia pulado de um ponto atrás dos escombros. Segurei sua mão e soquei seu rosto, ele saiu com o nariz ensangüentado e me amaldiçoando. Ajoelhei-me e abri a mochila, quando ele viu isso ficou assombrado e se arrastou para trás, porém tudo que tirei foi um pão meio duro e o entreguei, todo o alimento que eu tinha no momento. Pode parecer pouco, mas num mundo onde uma mãe mataria o próprio filho para se alimentar ou até mesmo para criança não passar fome, qualquer coisa é muito. Eu sabia que poderia demorar um pouco até arrumar comida novamente, mas não tinha problema.
    Virei-me e voltei a minha estrada, onde o garoto comia e me olhava com um brilho nos olhos. Eu mesmo não me olharia daquela forma, sabendo de quanto sangue tenho em minhas mãos, pois muitas vezes tenho que matar alguns ladrões para minha sobrevivência, essa é minha vida, esse é o apocalipse, o verdadeiro inferno.

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